sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Carnaval no Rio...


É possível que tenham chegado aqui equivocados. Pesquisaram no Google, em busca de umas moçoilas a abanar os nadegueiros no sambódromo de Ipanema, mas vieram parar a este espaço, onde os rabos estão comprimidos entre um fato isotérmico e os acentos de barcos a remos. Não percebem o porquê desta imagem bucólica do carro com caiaques com a montanha de fundo, quando deveriam dar logo de caras com as mamocas da Josemar aos saltos. Para si, que pensava descobrir imagens picantes do carnaval no Rio de Janeiro, e descobriu que este Carnaval no Rio é em… Fevereiro, pode ter duas opções. Ou diz já umas asneirolas no mais vernáculo calão e passa para o outro lado do atlântico atrás de estímulos visuais mais estimulantes, ou fará o frete de ficar e ter de gramar com o rol de baboseiras que aí vêm.









Tudo começou, como começam todos dias do vencimento: com uma sensação de quem nos tira a mão que estava há longos dias a obstruir as vias respiratórias. Com a tesura generalizada e enraizada, tínhamos a certeza que se não fossemos logo no dia 23, as hipóteses de descer rio, rapidamente se esfumavam. Não fazíamos uma descida a sério, desde que o Pedro se espatifou no Cávado, ou seja, desde Maio. Desta vez a equipa dos “entas” tinha mais um reforço de peso: o João Oliveira, que nos iria dar apoio fora de água. O facto de eu dizer aqui publicamente que o João é um tipo do melhor que há, não solta um gás, não ressona nem um bocadinho, nunca se perde, está sempre à nossa espera, nada tem a ver com uma estratégia de bajulação descarada no sentido de evitar que tenhamos de continuar a correr para ir buscar o carro no final. Na realidade Já não temos idade para isso, nem o João tem idade para não se pirar de vez em quando, das tarefas tão absorventes de “Pai Amigo”. Os bifes de Alvarenga foram também uma preciosa ajuda, para no próximo rio termos novamente o João connosco.




Não sei o que é pior, se estar aqui a aturar estes gajos, ou levar os putos às actividades...

Não sabíamos caudais, mas arriscámos uma ida para os lados de Mondim, para ver se seria desta que conseguíamos navegar o Beça…não foi ainda desta. Para começar, queríamos desenferrujar num rio mais suave e optámos pelo Olo. Já o tínhamos feito há uns anos e cedo percebemos que o caudal era assim a modos que poucachinho…Deu para remar, apreciar a água cristalina, mas uma nuvem de pessimismo assolou o espectro do Beça.





A equipa está de volta!




RIO OLO...poucachinho...






Pagaia ergonómica, patente registada



Para isto acabar em beleza, só falta bater com a cabeça num tronco e apanhar com um tipo de 100kg em cima...


Geraram-se algumas discussões em torno do pensamento fulcral “Quem foi o camelo que achou que valia a pena fazer um porradão de quilómetros, para ver este monte de pedras chamado Beça?”. Como é óbvio, se o camelo tem o poder de escrever no blogue, rapidamente diz que a culpa é dos gajos que não mandaram chuva, do gajo da barragem que não abriu as comportas, do gajo que desenhou o mapa onde o rio aparece, da conjuntura internacional. Até porque, como o gasóleo está mais baratucho, há que aproveitar. Aqui o, (camelo), digo, o tipo extremamente inteligente, pôs à consideração da malta a hipótese de rumarmos até ao Minho para remarmos o Cávado. A malta concordou …
Dirigimo-nos até à fabulosa Pousada da juventude de Vilarinho das Furnas no Gerês. O quarto era óptimo, as condições do melhor, o preço agradável, a minha memória…curta(?). Tinha definido que nunca mais passaria pela traumática experiência sísmica do “doce” ressonar do Jorge nos meus delicados tímpanos, mas facilitei e acabei a noite a dormir no carro.





A casa onde (não) dormi....



ponto de encontro




No 2º dia, lá fomos a caminho do Cávado, guiados pelo mestre da orientação, que nos levou a optar por outros caminhos mais sinuosos…
Chegámos ao rio por volta das 12 e, para nossa surpresa, deparámo-nos com um movimento pouco usual. Naquele dia, sem nada termos combinado, iríamos ter muita companhia no rio. Estavam lá os nuestros hermanos de Braga e a rapaziada de Mondim. Lembrámo-nos por momentos das nossas primeiras remadas no Guadiana com grupos sempre numerosos, onde a animação estava sempre garantida. Com as características do rio, estreito, inclinado e por vezes obstruído, houve espaço para vários engarrafamentos, o que tornou a descida um pouco mais demorada do que o habitual.






É comprar, é comprar! os verdes a 5 eurios! os amarelos a 10




De bicla ou de caiaque?































Explicada a hominização



O rio estava com menos água do que aquando da nossa última descida, o que tornou a primeira parte bastante mais penosa. Deu para passar quase tudo e ir confraternizando com os nossos companheiros de descida. Percebi finalmente a profundidade da campanha disputada pela presidência do 18 e companhia, que assumia contornos extremos, com os dois principais candidatos a fazerem de tudo para suplantar o opositor. Assim, ao ver o Carlos lançar furiosamente a proa do seu caiaque contra um calhau, demonstrando que possui coragem para enfrentar qualquer desafio , o Luis não foi de modas e, recusou auxílio na hora do aperto, decidindo aguentar de forma estóica dentro de uma marmita só para salvar a…sua pagaia(?). A campanha continua renhida…
De enaltecer também a capacidade volumétrica do bidon do Pires, que, qual mala do Sport Billy, conseguiu armazenar tudo o que um canoísta esfomeado poderá desejar. De presunto, a chouriço, a pão e azeitonas, passando por vinho regional, uns queques para desenjoar e até pastilha sem açúcar para lavar as dentolas.





Bidon Sport Pires Billy




Depois de termos exorcisado os fantasmas da nossa anterior descida do Cávado(com a luxação do ombro do Pedro), acabámos refastelados numa mesa em frente a um repasto à moda do norte. Poupo pormenores, para não causar sentimentos de inveja, mas que aquelas alheiras e os nacos de carne estavam uma maravilha, lá isso estavam. Despedimo-nos da rapaziada e rumámos aos nossos luxuosos aposentos. Jogámos uma snookerada, o tempo de perceber que o mestre do snooker, tinha uma técnica muito refinada , apenas revelava com um pequeno déficit na hora de meter a bola dentro do buraco; mas a técnica, essa, simplesmente irrepreensível.
Tinha chegado a hora da sorna e, depois de conseguirmos ter despachado o Jorge para um quarto insonorizado, encarei a tarefa de dormir um pouco mais à vontade,...ou talvez não. É que o Pedro, por uma questão de solidareadade decidiu substituir o betoneira mor e vai daí, abre também ele a bocarra, para arrotar um sonoro ressonar. Um mal nunca vem só. Rebolei pasra um lado e para o outro e não conseguia pregar olho com tamanha turbulência auditiva. Seria a 2ª noite que estava entalado, mas lá abanei o Pedro que, contrariado, lá cambaleou até junto do seu nocturno irmão tenor. Eles ainda me chamaram de princesa da história com a ervilha. Comparar-se aquela alarvidade vocal com uma insignificante ervilha , seria blasfémia; quanto muito com uma melancia debaixo do travesseiro. Percebi que os mestres da orientação e do snooker afinal eram mestrados em atazanar de forma sísmica as noites calmas de indivíduos mais sensíveis.




Mestre do Snooker




Despedimo-nos do Minho e passámos pelo Paiva antes de voltar para casa. Perante o panorama dos rios transmontanos e minhotos , esperávamos também pouca água no paiva. Puro engano! O caudal estava um verdadeiro luxo; mesmo a puxar para o cheiinho. Entrámos no desfiladeiro e percebemos ao vivo da jarda que levava aquela coisa. Se o rio Cávado valeu pelo convívio e pelo desnível, o Paiva foi o rio deste périplo carnavalesco. Era a peça que faltava para estes dias ficarem perfeitos. a beleza do olo; a imponência do Cávado e as águas bravas do Paiva, tudo isto acompanhado com muito sol . Uma maravilha.

Fizemos poucas imagens, mas aqui ficam elas...








Daqui a um mesinho, talvez dois, consigamos voltar ao rio. Por agora estou de papo cheio...








Vá lá mestre, tu consegues!!!...