sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Covo em Cruise Control...



Tinha várias opções para comemorar os meus 42 anos. Entre a estadia num hotel de 6 estrelas no Dubai, uma sessão intensiva de massagens com 5 tailandesas, uma viagem a Nova Iorque, decidi por uma descida de rio com dois amigalhaços…?...um gajo com a idade perde faculdades ao nível do discernimento… 4+2=6?...42?...24?...

Combinámos em cima da hora, uma incursão compatível com as debilidades físicas de quem já não remava há uns meses. O Covo tinha os ingredientes que necessitávamos: diversão, pouca distância e reduzido stress… só faltaria o tempo para ajudar, mas os tipos da meteorologia não tinham compaixão pelo aniversariante e vaticinavam chuva com fartura e ventos fortes. Mas que se lixe! Até porque teremos a oportunidade de conhecer as enormes potencialidades do novo veículo do Pedro. E não fomos defraudados. A viagem foi uma descoberta constante das múltiplas e intrincadas funções do carro arraçado de Concorde. Tudo naquele robot de rodas funciona de forma automática, aspecto que, garantia o Pedro, não lhe dizia grande coisa. “Vocês sabem que eu não ligo nenhuma a estas mariquices,…mas já viram aqui este comando automático dos retrovisores?...” . Mas dentro todas as funções inovadoras do veículo, aquilo que mais sucesso fez, foi o tal do “Cruise Control”, que consistia em manter o carro em velocidade constante, sem se ter o fatigante trabalho de pressionar o acelerador com o pé. A outra vantagem é nunca se passar do limite sobre o qual a brigada de trânsito esfrega as mãos de contente. A substituição do nome “controlo da velocidade” por “cruise control” tem duas funções: a função de internacionalizar para impressionar, na mesma linha do “tration control” (controlo de tracção), do “ligth control” (controlo da iluminação), do “seat belt control” (controlo dos cintos), “Fart control” (controlo do cheiro das bufas malcheirosas com abertura automática dos vidros).

Vejam! com Cruise Control e sem... Hands Control

Todos os nomes poderiam ser muito bem ditos em português, mas não tinha o mesmo estilo. A outra razão para a utilização deste estrangeirismo está no próprio “Cruise”, o sobrenome do tal actor que andou a brincar ao quarto escuro com a Nicole Kidman e a Penelope Cruz. É que o indivíduo foi protagonista do filme “Missão impossível”, o mesmo tipo de missão, que representava aguentar o pé de chumbo do Pedro inibido pela limitação do “Cruise control”. O acelerador era para ser pressionado em todo o seu esplendor e as multas…que se lixem… Que saudades do Fiat Panda dos anos 90, que nem tinha “heavy control” quando lhe púnhamos 5 latagões dentro e 5 caiaques em cima, nunca se queixava do peso e das irregularidades dos trilhos de montanha.
Concorde terrestre com "Kayak control"

Chegámos ao rio sem muita chuva, sem muito vento, sem muito frio e com alguma água. Desta vez eu iria estrear o meu presente de anos, umas calças “secas” encomendadas em tamanho L e recebidas em tamanho M, não por manifesta incompetência do vendedor, mas porque a viagem pelo correio tinha a função de “Size Control” e tratou de as mingar, achando que as minhas adiposidades não eram assim tão consideráveis.
Antes de entrar no rio, percebi logo que as minhas chanatas compradas no Lidl não tinham grande "tration control" e espetei com a bunda no chão e um silvado na mão esquerda.



Estou com dificuldade para entrar neste Size Control















Desta vez a descida não teve grandes oportunidades de recolha de imagens, perdão, “Image control”, isto porque o rio foi descido sem grandes paragens ou reconhecimentos, atestando o “self control” dos protagonistas. De destacar apenas a respiração ofegante do aniversariante após as primeiras remadelas, não por ter feito 42 anos, mas por alguma falta de treino específico da coisa. Com alguma inveja do “Cruise Control” da carripana do Pedro, eu e o Jorge não nos quisemos ficar atrás e testámos também o “Cruise Control” da nossa embarcação , mas coisa descambou em duas valentes caroladas no sólido calcário das pedras do rio. Tínhamos acabado de criar o “Head Control”, pela descoberta de que, tal como nunca se deve entregar o cartão de crédito à mulher dentro de um shopping, nunca se deve entregar o controlo da condução ao inerte caiaque…

Depois de concretizada a fabulosa descida seria a altura para a oferenda de prendas ao tipo que fazia anos. Os amigalhaços lembraram-se oferecer ao aniversariante aquela atractiva corrida em subida até ao carro. Fiquei feliz por se terem lembrado de prenda tão consoladora. Na altura de trincar o bife da vaca arouquesa, a senhora do restaurante tratou de oferecer ao aniversariante o bife bem passado com metade do tamanho do bife dos amigalhaços… Percebi que aquilo só poderia ser "Beef control" da cozinheira, para que as minhas carnes entrassem nas calças secas "size control" . O aniversariante agradece a generosidade…





O Meu...é o mini...

Valeu o desenho artístico da minha filha no final do dia e a história do “Duende que salvou o dia” desenhada pelo meu filhote. O meu dia de anos foi criado pelo Duende que sabia os ingredientes necessários para me salvar o dia: Começa no Rio com os amigos, termina em casa com a família…

segunda-feira, 15 de março de 2010

Novamente o Covo...E MacGyver com o canivete suiço

Depois de quase um anito sem remar os velhadas voltaram ao rio...



EO RESGATE EM VIDEO



Há algum tempo que estava combinado. O Jorge tinha um caiaque ainda com a etiqueta da loja dos trezentos, mas esperávamos que se reunissem as condições fundamentais para o reencontro com o líquido: Àgua em barda, Alívio das mazelas físicas próprias da idade e um sol do camandro. Na realidade decidimos que já não nos dá grande gozo apanhar com água na cachimónia durante as descidas, até porque as artroses dão logo sinal. Ìa quase incluindo a 4ª condição associada à escassez do saldo bancário, mas depois de ouvir a entrevista do Sócrates ficámos a saber que estamos perto da entrada directa na revista "Forbes".
Sem muitas dores, com perspectivas de água em barda e um sol do camandro, lá fomos todos contentes para o Côvo, um dos rios predilectos. Curiosamente, mesmo depois das chuvadas ininterruptas deste inverno, o rio tinha menos água do que as últimas descidas que tínhamos aí realizado. Deu para passar tudo, para o Jorge reconhecer que entre o seu antigo submarino e o seu caiaque novo com outra volumetria, a sua generosa massa corporal , estava mais tempo ao ar. Percebemos também que o Pedro não tem falta de acuidade auditiva, o barulho da água é que é muito intenso para os seus ouvidos.








O insólito aconteceu logo após uma passagem com um final algo retentivo. Uns metros mais à frente um pequeno desnível sem aparente dificuldade e o caiaque empancou num estranho bloco. Ficou atravessado e, com a força da água não deixava desbloquear, e rapidamente fiquei com água pelo peito. Decidi sair e esperar pela ajuda do Pedro e do Jorge. Corda daqui, puxão dacoli e o caiaque, farto de tanto abanão, decidiu esconder-se bem encostado ao leito do rio e desapareceu (literalmente) para debaixo dum enorme calhau. Dizer ao Pedro que teríamos de deixar ali o barco, seria espetar uma faca no seu ego de Macgwyver irredutível. Lá o consegui arrancar à força do local, mas notei na sua deprimida cara um “Isto não fica assim!...”.



Voltámos com menos um caiaque no atrelado mas não deixámos que esse episódio nos boicotasse um dos momentos mais importantes: o repasto pós rio. Parámos em Stª Combadão e, todos os restaurantes pareciam estar fechados. Todos, excepto a tasca da tia Alice, que nos presenteou com uma chanfana caseira a 5 euros a dose.
E o caiaque???...coitadinho, ali debaixo de água???...No momento em que trincava a chanfana, Macgwyver, já congeminava o resgate.
3 dias depois, lá fomos, agora sem o Jorge, munidos do …canivete suíço, e mais umas coisitas para ajudar a pescar a lampreia cor-de-laranja.



3 DIAS DEPOIS...

Voltámos ao local do desaparecimento, desta vez munidos com mais algum materialzito. Pedro MacGyver já tinha tudo pensado, mesmo para as mais difíceis contingências. Metemos os menires às costas em forma de mochilas e arrastámo-nos até ao rio. O caiaque, que não se via, por apalpação verificámos que tinha a presa da frente partida. Nada que desmoralizasse o mestre, que pôs todos os conhecimentos de engenharia do desenrascaço em acção. Ventas no líquido, amarração ao nível, cabo esticado, e trifor a funcionar. O peixe saiu logo à primeira, em perfeito estado e bem lavadinho. A lamentar apenas, que já no início do regresso, MacGyver tenha despoletado a sua hérnia discal adormecida, acabando a caminhar empenado até ao carro. A sua honra de Mestre do desenrasca, essa, voltou a não sair empenada...


MAcGyver resolve apenas com 1 canivete...
...e mais algumas coisitas...



Apanhar Lampreias à dentada?...MacGyver resolve!!!

Onde está o caiaque?...no final da corda...


Missão Impossível? Nunca para Macgyver!