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Por esses rios abaixo
sábado, 2 de agosto de 2014
Aventura na Serra da Estrela
A tradição da aventura familiar começa a enraizar-se e, no caso dos mais velhos se esquecerem, os miúdos fazem questão de lembrar estes dias sagrados no calendário. Os dias do acampamento, da descoberta, do desafio, do convívio. No ano passado estivemos a navegar ao nível do mar, neste ano decidimos "navegar" ao nível da montanha mais alta do território continental. Rumámos à Serra da Estrela, em busca de percursos desafiantes para testar as pernocas mais resistentes. O Team Castro foi desta vez mais completo, com a presença de Henrique o primogénito da famelga. Montámos arraiais no Parque de campismo do Vale do Rossim (perto de Penhas Douradas)e daí partiríamos para os desafios pedestres a realizar. Escolha estratégica do local de montagem do acampamento, que viria a revelar-se sábia, fundamentalmente para todos os que ansiavam por experiências nocturnas ao nível dos decibéis dos melhores festivais de verão. Na realidade as violas e baterias seriam substituídas por sons de latidos caninos, de variada intensidade situada entre o ruído de imberbes e pequenos cachorros até ao velho e imponente cão da serra. Uma doce melodia que ecoava nos nossos tímpanos a partir da uma da matina e se prolongava por...tempo demais. Mas é tão bom acampar!...não dormiste nada na primeira noite por causa dos cães?...mas é tão bom acampar!...não dormiste nada na 2ª noite?...mas é tão bom acampar!... Com olheiras bem marcadas, atacámos o primeiro percurso entre o V. Rossim e a Torre, trajecto aconselhado pelo dono do parque cujas indicações preciosas não nos fariam ter qualquer dúvida...ou talvez sim...Chegam ao cruzamento marcado com dois paus, optam pelo caminho do monte de pedras, depois seguem o formigueiro e descobrem o outro caminho marcado com pedras...Explicação irrepreensível para qualquer índio Sioux. Penso que poderia completar com o cheiro da bosta de ovelha, a temperatura dos calhaus ou a direcção do vento...infalível. Seguimos as pistas e cedo (2 horas de caminhada depois) percebemos que o percurso seria duro e espinhoso e que as reservas de litro e meio de água, mais duas garrafas pequenas, seriam suficientes para qualquer nómada no deserto, mas claramente insuficiente para as carentes goelas da pequenada, pouco habituadas a recessão líquida. As claras indicações, rapidamente desapareceram e confiámos no instinto de orientação e memória de Jorge Reis que tinha realizado este percurso no ...século XIX. A coisa ia correndo bem, um pouco sofrível para a pequenada a partir da 3ª hora, e com a ordem de apenas molharem os lábios com o líquido, pois não sabíamos exactamente quanto tempo faltaria para a chegada à Torre(a confiança na memória do Jorge era pouca). Passámos por locais paradisíacos, lagoas inesquecíveis, vales de perder de vista e locais com história como o canto do ronco onde um tal de Conde mandou construir para bater umas sonecas (talvez porque também tinha cães a atazanarem-lhe o sossego). Chegámos à última lagoa com a Torre lá em cima à vista e aproveitámos para arrefecermos os corpos escaldados pelo sol. Sobressaiu aí a imponente figura de Tarzan Castro Taborda, que com as carnes bem aconchegadas dentro de uma micro-tanguinha , exibiu ecléticos recursos artísticos começando por estrondosos chapachapões ,passando por arriscados mergulhos do tipo Red Bull Clif Diving, e terminando na suavidade de movimentos de natação sincronizada...
Depois do mergulho ,Jorge Reis lançou o desafio de irmos encontrar a neve que tínhamos visto lá atrás e todos acenámos afirmativamente com a cabeça dizendo: Vai Tu!!!...A Torre estava ali com o dedo indicador a chamar para encerrarmos aquele capítulo mais cedo. Jorge iria ao encontro do gelo na rocha e nós fomos à procura do gelado na arca congeladora...
Depois da caminhada passámos no Sabugueiro para um café e os miúdos apareceram a correr(ainda conseguiam...) porque tinham encontrado um campo e adversários para uma futebolada. Mais uma hora de corrida atrás da Bola nesse derbi mítico entre o Sabugueiro Futebol Clube contra o Taborda Team. Claro que os pequenos tarzans não deixaram ficar os seus créditos por pés alheios e, mesmo com 5 horas de caminhada no bucho, despacharam a concorrência...
Regresso ao parque, e petisco de feijão frade elaborado pelo Pedro que toda a malta comeu sem pestanejar, antecipando que mesmo que os cães ladrassem toda a noite, teríamos uma contraofensiva para libertar...Infelizmente, os cães ganharam novamente a ofensiva, sem conseguirmos ripostar o sistema de defesa anti-latido. Mais uma noite sofrida...
2ª caminhada entre Torre e Covão D'ametade, sempre a descer no meio de uma paisagem avassaladora. Percurso curto, mas de dificuldade maior do que o do dia anterior. Cerca de duas horas de descida, tentando mais uma vez encontrar melhores opções de trilhos, muitas vezes imperceptíveis. Pena que os diversos organismos "responsáveis" pela potenciação turística destas pérolas naturais, se descartem e deixem ao semi-abandono estes trilhos de enorme valor. Final da caminhada no parque de merendas (ou de campismo???) do Covão D'ametade para um piquenique final. Passagem por Manteigas, já de carro (percurso do vale glaciar do zêzere), para aterrarmos no molho da barragem à porta do parque de campismo. Estava marcado um novo dérbi no Sabugueiro, mas a outra equipa perdeu por falta de comparência, e então tivemos que disputar o grande confronto Pais x Filhos, com vitória para os mais velhos no desempate das grandes penalidades. Na 3ª noite, sem recurso a combustível movido a feijão frade, estaríamos totalmente expostos ao humor dos canídeos que tínhamos por vizinhos. Mas nessa noite, após começar o recital de ladradela o espírito de Tarzan Taborda ecoou pelos frágeis panos da tenda por volta das 2 da manhã num contundente rugido: "Fo****p'ro Ca***** dos Cães!!!". Não sei se, pela colocação de voz, pelo próprio léxico, ou por a fama de Pedro Castro para a chapada já se ter espalhado pelos canis da Serra da Estrela, o que é certo é que as doces criaturas perderam o pio no mesmo momento, e tornaram a nossa noite, na mais pacífica calmaria. Ùltimo dia de mergulho na barragem, passagem pela Covilhão para uma macdigestão de civilização e regresso a casa já com vontade de planear a próxima aventura...
Mensagem para o nosso amigo Jorge Justas que ,depois de ter acumulado uma série de acidentes domésticos ( entorse, queda de mota, queda a fugir do cão e queda a fugir dos fiscais camarários), viu a sua habitual participação nestas saídas inviabilizada...um abraço da malta para ele...
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No meio da água
Este é um blogue feito por alguém que experimentou descer rios de dia e que começou a sonhar com eles de noite. É um testemunho feito para todos aqueles que passam com os seus carros por cima das pontes, começarem a reparar, no que passa debaixo delas. São desabafos, histórias de rios descidos dentro do caiaque, das mãos geladas aquecidas com o bafo da boca, de chuvas torrenciais escorridas pela face, de sustos passados debaixo de água revolta, de pedras sentidas no capacete, de dormidas em igrejas seculares ou em ruidosas azenhas, de bifes devorados com um apetite de quem rema todo o dia e pouco come, do sonoro ressonar do nosso amigo que está prestes a levar com uma sapatilha na cachimónia. São dessas aventuras que se aqui contam. A forma de viver o rio, de o sentir na pele, de falar com ele, de lhe chamar nomes feios, de elogiar a sua imponência, de respeitar os seus perigos, de nos fazer crescer com a sua ajuda...
..Na realidade, apesar de toda a descrição poética, este blogue é feito sobretudo para a malta dizer umas baboseiras das nossas lamentáveis descidas...
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A equipa
Foram alguns os amigos que connosco desceram rios nestes 20 anos e de todos nos lembramos, porque com todos aprendemos sempre qualquer coisa. Mas há aqueles que se mantiveram (ou quase) , desde a primeira descida:
Pedro Lyon
, também conhecido por Pedro Sopapo na Ponta do Dedos, pela capacidade que tem de atrair o azar permanente de se meterem com ele quando está quietinho no seu canto. Depois da sua delicada e frágil reacção ouve-se quase sempre uma sequência de sons "plaf, plof, ai, ui, foscasse,... vamos fugir daqui que este gajo é grande e um poucachinho agressivo..."; Mantém-se como o irredutível companheiro de descidas, nos 3 dias após o dia do vencimento...
Jorge Justino
, apelidado de Jorge Betoneira objecto de produção de cimento, símbolo da preserverança na construção da sua casa, que teve início no século VI D.C. e durará até aos finais dos presente século. O seu ressonar, lembra também ele o trabalhar de uma velha betoneira. Foi ele que nos levou para os rios e nos pegou esse malfadado vício. Actualmente, apesar dos seus inúmeros compromissos com o tijolo da sua casa, o planeamento exaustivo de aulas, conseguimos de tempos a tempos convencê-lo a descer uns rios connosco.
Jorge Reis
, passou de Ermita para Agente imobiliário. Viveu numa casa sem água e com pouca luz, para decidir que teria, depois daquela traumática experiência, todas as casas que pudesse adquirir para depois as voltar a vender. Já vai na 4ª e só parará quando chegar à 28ª. Actualmente mora em frente ao mar, preparando a sua próxima compra, provavelmente nos lagos gelados da Islândia. Já não faz rios há muito, muito tempo...
Miguel
Sentieiro
conhecido por Miguel Lombalgia Acopolada. Acreditou nas balelas de alguém que lhe disse que desporto fazia muito bem à saúde, e passou a adolescência a saltar entre trampolins e redes de Voleibol. Hoje, cada vez que liberta um gás, fica 5 dias sem se mexer. Descobriu que o desporto faz bem é à saúde financeira dos ortopedistas e fisioterapeutas. Apesar dos empenos insiste em arrastar as suas artroses para os leitos gelados dos rios, ...vá lá a gente entender isto...
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