
segunda-feira, 16 de abril de 2007
Mouro e Vez - lembrando os Alpes

quinta-feira, 12 de abril de 2007
Fabuloso rio Covo

Apressámo-nos a equipar, e colocámos os caiaques na água. O rio começa logo com uma sequência de três saltos bastante interessante, para não termos tempo de nos queixarmos da monotonia . Fiz a 1ª passagem enquanto o pedro captava o meu melhor sorriso . Não se vê bem na fotografia fruto da deplorável qualidade do fotógrafo e da máquina que os chineses lhe venderam dizendo que era uma cannon...

De seguida, eu ia explicar ao Pedro como um excelente fotógrafo pode culmatar carências qualitativas da máquina, mas eis que, antes do 1º salto, a sua decrépita pagaia, decidiu pela recusa e partiu-se sem mais nem menos. Resultado: estávamos na eminência de termos feito um porradão de quilómetros para ficarmos por ali mesmo, uma vez que não tínhamos mais nenhuma pagaia suplente (o ordenado de professor não dá para mais...). O Pedro também conhecido por "Macgyver Versão Melhorada" pôs-se logo de volta daquilo, com olhar de quem lida mal com a palavra impossível. Corda daqui, aperto dacoli, puxão dacolá...e nada! Eu olhava para aquelas tentativas com um optimismo a roçar o PIB português. Decidimos que o melhor seria irmos à aldeia ali perto procurar um ferreiro que nos desenrascasse a um fim de semana. Quando nos dirigíamos à procura de ajuda, cheios de pressa, ouvimos: ajudem!...ajudem!...? mas seria o nosso eco?...eram duas cabras (daquelas com pêlo e barbela) mãe e filha que, não só se tinham convencido que conseguiam nadar, como apostaram que faziam o primeiro rápido mais depressa do que a pagaia do Pedro. Estavam as duas dentro do rio e os donos sem saber o que fazer. Pedro com o seu super-poder puxa pela corda, e a mim, restava-me a parte mais hijiénica e humilhante, dentro do rio a empurrar as nalgas do caprino...esperando a qualquer momento por uma surpresa em forma de gás de rectaguarda. Lá pusemos os bichos a salvo e encontrámos um ferreiro que não sabia de ferragem, mais pessimista do que eu, mas que foi forçado a arranjar, empurrado pelo optimismo e tamanho exarcebado de Pedro Macgyver.
Pela diferença de estatura, facilmente se depreende que o ferreiro, mesmo contrariado, não tinha outro remédio senão seguir a sugestão do Pedro....
Depois do ferreiro ter sido quase forçado a fazer um trabalho de ferragem, a pagaia parecia sólida para aguentar a descida. Entrámos na água perto da uma o que não dos dava muito tempo para fazer um rio que não conhecíamos. Desta vez a pagaia não se recusou e lá consegui fazer uma foto do Pedro, que não exponho aqui porque já está exposta no grande festival de fotografia de Oslo, tendo sido nomeada como uma das 5 melhores fotografias do ano de...2008(?) (todos acreditavam que só daqui a um ano seria possível produzir e compreender uma obra daquela magnitude) e candidata ao prémio da melhor Foto do Ano ..na realidade, esta foi a maneira de dizer que a fotografia ficou, como ei-de dizer, com uma aparência similar à caganeta produzida pelo traseiro do caprino que eu estive a empurrar...Obviamente, que essa pequena falha, foi paga durante toda a descida pelos impropérios do Pedro sobre as minhas enormes capacidades de repórter fotográfico.


Prosseguimos na nossa descida, com inúmeros reconhecimentos, e o rio foi-se todo fazendo, sempre com passagens estreitas, sucessivas e de grande beleza.



Antes do meio da descida, foi tempo para enaltecer as grandes qualidades do ferreiro, que tinha posto um micro-rebite na pagaia, que acabou por partir. Macguiver Versão Melhorada, tinha o desafio à sua altura. Sem qualquer tipo de ferramenta, conseguiu encontrar um resto de garrafão de lixívia numa das margens (sinal de que estávamos em Portugal) e lá conseguiu fazer uma pagaia presa por arames (quase literalmente). Nos rápidos mais complicados emprestava-lhe a minha pagaia e lá fomos indo, desconfiando que iríamos chegar perto da noite. Não só estávamos perto da noite como a noite nos disse qualquer coisa ao ouvido, que me parece ter sido: ...Espero que tenham as lanternas...mas nós não tínhamos. Vá de remar, sem tempo para parar ou reconhecer rápidos, na mais completa penumbra, até que chegámos ao local onde o rio Covo termina e se prepara para entrar no paiva. Tínhamos chegado ao fim, mas ainda nos faltavam os 5 km de corrida, que nestas coisas de descidas de rio, significa quase sempre a subir...

No aconchego do carrinho, estávamos convictos que tínhamos merecido a refeição da noite, que fomos comer em Viseu.
Voltámos a descer o Covo os dois, já em Fevereiro deste ano, depois de uma ida ao rio Varosa em vão, porque a mini-hídrica desse rio,apenas viabilizava uma descida... com o caiaque às costas. Acabámos no Covo, para mais uma magnífica descida nesse magnífico rio. Captámos mais imagens de vídeo (que quando eu souber introduzir...introduzirei...). A imagem que se segue foi das poucas que sairam razoáveis (é que o Pedro arranjou um sistema hermético, para a câmara não se molhar, ...nem fazer fotografias muito nítidas...)

Ver o VIDEO AQUI
Alpes / Pirinéus / Minho
Alpes 2003
Já um pouco fartos do Noguera, rumámos até à pista artificial onde se realizaram as competições olímpicas de Slalom (Barcelona/Seil D'Urgell), mas a pista tinha pouca água, mas ficaria com mais água se pagássemos cada um um valor que já não me lembro, mas que nos fez decidir que não valia a pena o esforço.
Já tínhamos pouco tempo, para regressar (os vistos de permanência passados pelas nas nossas esposas estavam quase a terminar). Fomos depois até ao rio Ara que tínhamos visto algures que seria um bom rio para se fazer. Quando lá chegámos, o s. Pedro foi assaltado por uma grave incontinência e vá de borrifar as nossas doces moleirinhas com metros cúbicos de água à fartazana. Estávamos nós à procura do acesso ao rio (na altura não tínhamos qualquer guia que nos ...guiasse) e aquela molha em forma de banho de mangueira, tolhía-nos a vontade de remar o que quer que fosse. Com a dificuldade em encontrar o tal acesso e a facilidade em apanhar com litros de água pela cachimónia, optámos pela secura do nosso veículo e o quentinho da nossa sofage. Vamos mas é para Portugal, que lá estará sol e calor em barda!...E lá viemos nós toda a noite, a ver se não fechávamos os olhos e explicávamos ao Jorge que ao fim de meia hora na autoestrada com a 4ª metida, poderia pôr a 5ª que o carro não se queixava.
E foi assim que chegámos vivos a Portugal. O Jorge demorou cerca de uma hora e 57 minutos para encontrar todos os seus haveres plastificados que foram directamente para o seu quarto...
O rio Ara , por ser uma pedra no sapato, terá de ser feito, brevemente...
RIO MINHO


quarta-feira, 11 de abril de 2007
Histórias do Paiva
No ano de 1990 ouvimos falar num rio lá para o norte que tinha uma pista de slalom (vertente de águas bravas da modalidade olímpica). O nome do rio: PAIVA. O Jorge Justino pegou no seu 127 e com ele embarcámos eu e o Fernando. Chegámos à tal pista de slalom e ficámos entusiasmados com a sequência de rápidos. Descemos aquele pequeno troço e encontrámos um canoísta de nome Aníbal que era português e tinha representado a selecção olímpica da França para competir no Slalom. Falou-nos do rio e quando lhe perguntámos como era mais acima ele abanou a cabeça e disse: Isso não é para vocês! ...o que nós pensámos?...Isso é para nós! e lá fomos no outro dia de manhã bem cedinho descer o desfiladeiro, ou como hoje lhe chamam a garganta. Estávamos ali sentados no muro a vislumbrar o rio lá em baixo à espera que os nossos fatos secassem um bocadinho do dia anterior.

Quando lá conseguimos vestir aquelas desconfortáveis e gélidas vestes, pusemos os barcos na água e iniciámos a descida daquele magnífico desfiladeiro perto da ponte de Alvarenga. Uma experiência completamente nova para nós. Rápidos aparecendo de forma quase contínua, para todos os gostos no meio daquelas duas enormes paredes de rocha com cascatas a escorrerem por elas abaixo. No primeiro rápido mais técnico e com maior desnível ficámos a ver o Jorge a fazer (ele era quem dominava a arte) para nos mandarmos a ele de seguida. Não tínhamos cordas de resgate na altura, portanto só poderíamos ver e incentivar. As coisas correram bem...e nós fizemos também relativamente limpo.

No 2º rápido, com maior desnível que o anterior percebemos que não seria pêra fácil. O Jorge, mais uma vez fez de cobaia e lançou-se na claridade daquelas águas revoltas e nós, fora de água, assistiamos à sua habilidade para enfrentar as cornadas sucessivas que aquele "boi" lhe ia inflingindo. Chegou cá abaixo ofegante mas em cima do barco. Disse-me que se eu o fizesse que não poderia voltar senão as cornadas dos calhaus poderiam doer um bocadito.

Meti-me dentro do caiaque com a pulsação a mil. A frase não me saía da cabeça "não podes virar, não podes virar...". Entrei no rápido e...virei. Saí do barco (na altura também não fazia esquimotagem - técnica de retorno à superfície dentro do barco) e mandei as mãos a um calhau tipo lapa, conseguindo não engolir mais pirulitos. O susto foi grande mas estimulador para futuras descidas.
Na 2ª vez que fizemos este troço do rio ( Janeiro de 1991) já o grupo era maior (erámos seis ao todo). Já tínhamos novamente o Pedro e o seu panda (para as emoções fora do rio) e até foi connosco um brasileiro, num barco de fibra que se decompôs antes de chegar ao fim. Num dia de sol esplendoroso, estava ansioso para voltar a encontrar o rápido que me tinha feito reencarnar um percebe cola do à rocha. No primeiro rápido mais técnico fizemos o resgate dum barco que ficou preso nas pedras e demorou algum tempo a convencê-lo a sair.



Depois de todos passarmos, remei apressadamente para ir ver o tal rápido mais doloroso (marmitas) e, entrei num rápido que não me lembrava mas parecia-me algo estranho e difícil. Quando cheguei ao fim, olhei para trás e verifiquei que tinha feito a tal passagem sem saber que estava a fazer. Tive de o voltar a descer para o fazer, para exorcisar definitivamente o tal fantasma da lapa no rochedo...



Mais uns quilómetros de rio e muitos e bons rápidos pelo meio, estávamos prontos para meter o dente no bife da vaca arouquesa feita pelo dono do café,talhante, dono de mini-mercado e padeiro de Canelas, uma aldeia perto do rio no concelho de Arouca. Comia-se muito e pagava-se muito pouco, o sonho de qualquer esfomeado teso. Como se não bastasse o repasto, ainda nos dava guarida no anexo que iria dar lugar ao novo mini-mercado, bem por cima da padaria.


O Paiva, considerado o rio mais limpo da Europa, tem sido sem dúvida aquele que nos tem dado mais histórias para contar ao longo dos anos. Todas as descidas são diferentes como diferentes são as aventuras. Para além destas duas descidas iniciais marcantes , ficará na memória a descida que fiz com o Pedro em regime de Non-Stop da garganta (fazer tudo sem parar para ver) um desafio algo louco, mas quando, terminado, deu para atazanar os Jorges com a nossa aventura. Outra descida com o Jorge R. feita com um nível generoso de água e a confiança no topo, em que todos os rápidos forma sendo gozados até ao tutano. Ou Aquela que fizemos os Três (eu, o Pedro e o Jorge R) com um caudal perto da cheia para preparar os pirinéus (o registo que se segue é dessa descida com muita, muita água...).





Em 2004 fica também na memória a descida/subida que fiz com o Pedro, com a corrida final, para ir buscar o carro, de 9 km sempre a subir e mais 1 a descer entre a ponte de Espiunca e a de Alvarenga...
É também no Paiva onde continuo actualmente a encontrar a minha terapia sempre que posso, muitas vezes sozinho, ali num rápido de estimação bem metido no meio do rio, onde dou algumas cambalhotas só com o ruído da água como companhia, experiência suficiente para recarregar as baterias de suporte das agruras do dia a dia. As imagens que se seguem são algumas da reinação que esse simples retorno de água no Paiva pode originar...






Existe outra parte do rio que só desci pela 1ª vez no ano passado que passa mesmo em frente de Castro de Aire. Chamaram-lhe "sex-up", mas ainda não consegui encontrar qualquer associação libidinosa; o responsável lá saberá. Combinei com o amigo Luis Vieira, que já conhecia o troço e fez de cicerone. Lá fomos os dois descer num dia em que se via neve nas margens. A água estava portanto bem, ...muito bem friiiiiinha. O troço é muito engraçado, com bom desnível, bastante técnico e um pouco labiríntico. Tem a vantagem de se conseguir fazer dispensando grandes reconhecimentos fora do caiaque. Fizemos tudo aquilo num instantinho cheios de vontade de repetir.
