quinta-feira, 12 de abril de 2007

Fabuloso rio Covo

Outubro de 2006:


Poucos dias após as primeiras cheias, eu e o Pedro aproveitámos um sol radioso e rumámos à descoberta do rio covo. O rio covo é um afluente do Paiva, mais pequeno do que este, mais estreito e com maior desnível, num vale esplendoroso. Um outro aliciante para nós, era a distância, relativamente curta entre a partida e a chegada. Limitações de ordem logística para quem só tem um carro. Descemos com o equipamento dentro do caiaque para ir buscar o carro a correr, no final do percurso na água (ainda não consegui ensiná-lo a vir ter connosco ao assobio).







Apressámo-nos a equipar, e colocámos os caiaques na água. O rio começa logo com uma sequência de três saltos bastante interessante, para não termos tempo de nos queixarmos da monotonia . Fiz a 1ª passagem enquanto o pedro captava o meu melhor sorriso . Não se vê bem na fotografia fruto da deplorável qualidade do fotógrafo e da máquina que os chineses lhe venderam dizendo que era uma cannon...




De seguida, eu ia explicar ao Pedro como um excelente fotógrafo pode culmatar carências qualitativas da máquina, mas eis que, antes do 1º salto, a sua decrépita pagaia, decidiu pela recusa e partiu-se sem mais nem menos. Resultado: estávamos na eminência de termos feito um porradão de quilómetros para ficarmos por ali mesmo, uma vez que não tínhamos mais nenhuma pagaia suplente (o ordenado de professor não dá para mais...). O Pedro também conhecido por "Macgyver Versão Melhorada" pôs-se logo de volta daquilo, com olhar de quem lida mal com a palavra impossível. Corda daqui, aperto dacoli, puxão dacolá...e nada! Eu olhava para aquelas tentativas com um optimismo a roçar o PIB português. Decidimos que o melhor seria irmos à aldeia ali perto procurar um ferreiro que nos desenrascasse a um fim de semana. Quando nos dirigíamos à procura de ajuda, cheios de pressa, ouvimos: ajudem!...ajudem!...? mas seria o nosso eco?...eram duas cabras (daquelas com pêlo e barbela) mãe e filha que, não só se tinham convencido que conseguiam nadar, como apostaram que faziam o primeiro rápido mais depressa do que a pagaia do Pedro. Estavam as duas dentro do rio e os donos sem saber o que fazer. Pedro com o seu super-poder puxa pela corda, e a mim, restava-me a parte mais hijiénica e humilhante, dentro do rio a empurrar as nalgas do caprino...esperando a qualquer momento por uma surpresa em forma de gás de rectaguarda. Lá pusemos os bichos a salvo e encontrámos um ferreiro que não sabia de ferragem, mais pessimista do que eu, mas que foi forçado a arranjar, empurrado pelo optimismo e tamanho exarcebado de Pedro Macgyver.


Pela diferença de estatura, facilmente se depreende que o ferreiro, mesmo contrariado, não tinha outro remédio senão seguir a sugestão do Pedro....




Depois do ferreiro ter sido quase forçado a fazer um trabalho de ferragem, a pagaia parecia sólida para aguentar a descida. Entrámos na água perto da uma o que não dos dava muito tempo para fazer um rio que não conhecíamos. Desta vez a pagaia não se recusou e lá consegui fazer uma foto do Pedro, que não exponho aqui porque já está exposta no grande festival de fotografia de Oslo, tendo sido nomeada como uma das 5 melhores fotografias do ano de...2008(?) (todos acreditavam que só daqui a um ano seria possível produzir e compreender uma obra daquela magnitude) e candidata ao prémio da melhor Foto do Ano ..na realidade, esta foi a maneira de dizer que a fotografia ficou, como ei-de dizer, com uma aparência similar à caganeta produzida pelo traseiro do caprino que eu estive a empurrar...Obviamente, que essa pequena falha, foi paga durante toda a descida pelos impropérios do Pedro sobre as minhas enormes capacidades de repórter fotográfico.




Prosseguimos na nossa descida, com inúmeros reconhecimentos, e o rio foi-se todo fazendo, sempre com passagens estreitas, sucessivas e de grande beleza.











Antes do meio da descida, foi tempo para enaltecer as grandes qualidades do ferreiro, que tinha posto um micro-rebite na pagaia, que acabou por partir. Macguiver Versão Melhorada, tinha o desafio à sua altura. Sem qualquer tipo de ferramenta, conseguiu encontrar um resto de garrafão de lixívia numa das margens (sinal de que estávamos em Portugal) e lá conseguiu fazer uma pagaia presa por arames (quase literalmente). Nos rápidos mais complicados emprestava-lhe a minha pagaia e lá fomos indo, desconfiando que iríamos chegar perto da noite. Não só estávamos perto da noite como a noite nos disse qualquer coisa ao ouvido, que me parece ter sido: ...Espero que tenham as lanternas...mas nós não tínhamos. Vá de remar, sem tempo para parar ou reconhecer rápidos, na mais completa penumbra, até que chegámos ao local onde o rio Covo termina e se prepara para entrar no paiva. Tínhamos chegado ao fim, mas ainda nos faltavam os 5 km de corrida, que nestas coisas de descidas de rio, significa quase sempre a subir...



No aconchego do carrinho, estávamos convictos que tínhamos merecido a refeição da noite, que fomos comer em Viseu.


Voltámos a descer o Covo os dois, já em Fevereiro deste ano, depois de uma ida ao rio Varosa em vão, porque a mini-hídrica desse rio,apenas viabilizava uma descida... com o caiaque às costas. Acabámos no Covo, para mais uma magnífica descida nesse magnífico rio. Captámos mais imagens de vídeo (que quando eu souber introduzir...introduzirei...). A imagem que se segue foi das poucas que sairam razoáveis (é que o Pedro arranjou um sistema hermético, para a câmara não se molhar, ...nem fazer fotografias muito nítidas...)





Ver o VIDEO AQUI












3 comentários:

Paulo Marcelino disse...

Caso vocês não saibam tb existe pessoal q anda de Kayak em Castro Daire...
Qd for assim dêem uma "apitadela" se não puder fazer companhia durante a descida pelo menos arranja-se a fazer apoio terra e a desenrascar uma pagaia suplente.

Cumprimentos,

Marcelino (938460246)

Nota: Parabéns pelo blog.

Paulo Marcelino disse...

Caso vocês não saibam tb existe pessoal q anda de Kayak em Castro Daire...
Qd for assim dêem uma "apitadela" se não puder fazer companhia durante a descida pelo menos arranja-se a fazer apoio terra e a desenrascar uma pagaia suplente.

Cumprimentos,

Marcelino (938460246)

Nota: Parabéns pelo blog.

Miguel Sentieiro disse...

Obrigado Marcelino pela disponibilidade...