Alpes 2003
Quando decidimos saber como seriam os rios alpinos, antes descobrimos que Barcelona fica longe comó camandro. Depois descobrimos que os Alpes ficam um bom bocado para além do longe comó camandro. Apesar da viagem dia e noite, chegámos a Briançon e logo nos rendemos ao banquete de rios que tínhamos pela frente, pelos lados, por trás...bom,...essa talvez não. Para onde nós nos virássemos havia muita água branca para darmos banho aos caiaques. Fomos participar no Festival de Kayak de Briançon, no qual se pagavam 8 contos com direito a 4 dias de rio, alojamento em estância de ski, refeições e concertos ao vivo e a cores. Fizemos troços dos rio Onde, Gyronde, Clarée, Durance, Guisanne. Basicamente enchemos o papo de rios aos quais não estávamos habituados; desnível constante, corrente constante, poucos espaços para respirar obedecendo à máxima: se sais do barco só o apanharás no oceano... Para além disso, apesar do calor exterior, a água estava no 1 grau centígrato, desencorajando os mergulhadores mais atrevidos. Desde logo percebemos a nossa enorme apetência para o domínio da língua francesa, uma vez que, a qualquer frase que nós utilizávamos para uma comunicação profíqua com os nossos amigos franceses, eles respondiam com um hã? seguido de um sorriso amarelo. O único que não percebia que não falava patavina de francês era o Pedro, dado que continuava sem qualquer tipo de pudor e de forma desinibida a comunicar com os franceses apesar de geralmente eles fazerem cara de quem está a ouvir moldavo. Mesmo com essas pequen..inas falhas na comunicação, os anfitriões foram impecáveis e só ficámos com pena do pouco tempo que tínhamos disponível, senão teríamos ficado para descer mais uns riozitos. Mas lá voltaremos decerto em breve ...
PIRINÉUS
No ano de 1997, demos um salto aos pirinéus. Embarquei com o Pedro e o Jorge Reis, numa viagem nada fácil uma vez que tínhamos os sacos do Jorge no banco de trás. Explicando melhor, o Jorge não utiliza um saco, nem tão pouco uma mochila, nem mesmo mala de viagem, mas dispersa a sua roupa, chinelos, champoo, cebolas, fatias de fiambre, latas de atum e afins, num sem número (tire-se o "sem" e ponha-se "cem") de sacos de plástico que consegue espalhar por todo o carro (debaixo do pedal da embraiagem inclusive) transformando-o numa verdadeira loja de ferragens da época medieval. O resultado traduzia-se quase sempre no tempo que perdíamos em cada estação de serviço, em cada café, em cada restaurante, em cada apeadeiro, porque o Jorge não conseguia encontrar o fio dental. Quando lá encontrava a pasta de dentes debaixo de um tomate e por cima de umas meias mal cheirosas, já eu e o Pedro tínhamos almoçado, mijado e bufado(sem cheiro) à espera de sua excelência.
Fomos para a região de Sort que tinha à porta o rio Noguera de Palarestra e onde se realizava um evento competitivo de slalom, rodeo e descidas informais. Estivemos por lá 3/4 dias e ficámos um pouco desapontados com o rio. Esperávamos algo mais desnivelado e difícil, numa época em que estávamos os três com todo o sangue na guelra e ansiosos por desafios um pouco mais dolorosos do que o Paiva. Descemos várias vezes o rio, aproveitando para brincar em todos os retornos e ondas que encontrávamos e, em frente a sort estava uma onda onde muita malta reinava e se estava quase até à noite.
Já um pouco fartos do Noguera, rumámos até à pista artificial onde se realizaram as competições olímpicas de Slalom (Barcelona/Seil D'Urgell), mas a pista tinha pouca água, mas ficaria com mais água se pagássemos cada um um valor que já não me lembro, mas que nos fez decidir que não valia a pena o esforço.
Já tínhamos pouco tempo, para regressar (os vistos de permanência passados pelas nas nossas esposas estavam quase a terminar). Fomos depois até ao rio Ara que tínhamos visto algures que seria um bom rio para se fazer. Quando lá chegámos, o s. Pedro foi assaltado por uma grave incontinência e vá de borrifar as nossas doces moleirinhas com metros cúbicos de água à fartazana. Estávamos nós à procura do acesso ao rio (na altura não tínhamos qualquer guia que nos ...guiasse) e aquela molha em forma de banho de mangueira, tolhía-nos a vontade de remar o que quer que fosse. Com a dificuldade em encontrar o tal acesso e a facilidade em apanhar com litros de água pela cachimónia, optámos pela secura do nosso veículo e o quentinho da nossa sofage. Vamos mas é para Portugal, que lá estará sol e calor em barda!...E lá viemos nós toda a noite, a ver se não fechávamos os olhos e explicávamos ao Jorge que ao fim de meia hora na autoestrada com a 4ª metida, poderia pôr a 5ª que o carro não se queixava.
E foi assim que chegámos vivos a Portugal. O Jorge demorou cerca de uma hora e 57 minutos para encontrar todos os seus haveres plastificados que foram directamente para o seu quarto...
O rio Ara , por ser uma pedra no sapato, terá de ser feito, brevemente...
RIO MINHO
As memórias do minho nascem dos dois encontros que fomos em 92 e 93, com ténue registo fotográfico (num dos anos o registo ficou dentro do rio, porque perdi a máquina). Serviram estes encontros, para conhecer outra malta que descia rios e remava muito melhor do que nós.
Foi o início do rodeo (manobras em pequenos retornos e ondas) com barcos de quase 3 metros. No 1º encontro conhecemos uns tipos ingleses muito prestáveis que remavam à bruta e, para além de nos brindarem com as suas habilidades (até aí desconhecidas para nós), nos iam dando dicas das técnicas para as manobras verticais. Quando chegámos à noite, exibiram um vídeo verdadeiramente assustador, de saltos de cascatas e outras passagens aparentemente impossíveis ao comum dos mortais. Depois aparece a cara de um dos ingleses que nos tinham aconselhado no rio o seu nome Shaun Baker , "apenas" o recordista de salto em caiaque na altura com 18 metros (actualmente o record já vai nos 23 metros feitos por uma rapariga francesa)...ele há malucos para tudo.
O mais interessante do rio Minho reside numa enorme onda que se forma e que possibilita um surf fora de mar, assim como umas quantas manobras. Antes dessa onda existe um retorno bastante retentivo onde podemos usufruir da sensação plena, do que sentirão as peúgas quando as colocamos na máquina de lavar...
Desde então nunca mais remei no Minho...
A imagem que se segue, não tem relação com o Minho, mas encontrei o site desse inglês de que falei e esta "piquena" cascata vinha lá com um caiaque a descê-la ...coisa pouca...
Aquele ponto pequenino lá em cima é o tipo de caiaque a mandar-se por ali abaixo
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